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Mitos e Verdades sobre a Violência Doméstica: Desmistificando Crenças Erradas

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A violência doméstica é um problema grave que afeta milhões de pessoas ao redor do mundo, independentemente de classe social, idade ou etnia. Porém, embora o tema seja discutido com mais frequência, ainda existem muitos mitos e crenças erradas que dificultam tanto o reconhecimento quanto a denúncia dessa violência. Esses mitos não só confundem as vítimas, mas também as pessoas ao seu redor, como amigos, familiares e até profissionais de apoio.

Este post tem como objetivo desmistificar algumas das crenças mais comuns sobre a violência doméstica e explicar as verdades por trás dessas ideias, além de ajudar a promover a conscientização e o apoio a todas as vítimas.


Mito 1: “Se a vítima não denuncia, é porque não sofre violência.”

A Verdade:

Muitas vítimas de violência doméstica não denunciam por uma série de razões, e isso não significa que elas não estejam sofrendo abusos. A decisão de denunciar é extremamente difícil, pois envolve uma série de fatores como medo, dependência emocional ou financeira, vergonha e até manipulação psicológica por parte do agressor.

Por que isso acontece?

  1. Medo de Retaliação: Ameaças de violência ainda mais grave caso a vítima procure ajuda são comuns.
  2. Dependência Econômica: Muitas mulheres, por exemplo, são financeiramente dependentes do agressor e não sabem como se sustentar sozinhas.
  3. Falta de Apoio: Algumas vítimas não sabem onde procurar ajuda ou temem que ninguém acredite nelas.
  4. Culpa e Manipulação: O agressor frequentemente manipula emocionalmente a vítima, fazendo-a sentir que ela é a culpada pela violência.

Portanto, a falta de denúncia não deve ser interpretada como uma prova de que a vítima não está sofrendo abuso. Existem muitas barreiras psicológicas e sociais que precisam ser compreendidas.


Mito 2: “Violência doméstica é apenas violência física.”

A Verdade:

A violência doméstica não se limita apenas a agressões físicas. Ela é uma forma de abuso que pode se manifestar de várias maneiras, incluindo:

  1. Violência Psicológica: Ameaças, humilhações, insultos e manipulação emocional. O agressor pode fazer a vítima duvidar de sua própria sanidade e autoconfiança.
  2. Violência Sexual: Impor relações sexuais sem consentimento, forçar a vítima a realizar atos sexuais indesejados ou humilhantes.
  3. Violência Patrimonial: Controle do dinheiro, destruição de bens pessoais, controle excessivo de recursos financeiros para controlar a vítima.
  4. Violência Moral: Difamação da vítima, espalhando mentiras ou desqualificando sua reputação.

A violência doméstica, portanto, envolve qualquer ação que tenha a intenção de controlar, humilhar, manipular ou ferir emocionalmente a vítima, e pode afetar a integridade física, emocional, psicológica e até financeira da pessoa.


Mito 3: “As vítimas de violência doméstica são sempre mulheres.”

A Verdade:

Embora as mulheres sejam as principais vítimas de violência doméstica, os homens também podem ser vítimas desse tipo de abuso. A violência doméstica não é uma questão de gênero, mas de controle e poder. Homens, assim como mulheres, podem sofrer abusos psicológicos, físicos e emocionais por parte de um parceiro ou parceira.

O que as estatísticas mostram?

  1. Homens também relatam sofrer abusos físicos e psicológicos em relacionamentos.
  2. A violência contra homens muitas vezes é ignorada, pois existe o estigma de que homens não podem ser vítimas. Esse estigma pode fazer com que eles se sintam constrangidos a procurar ajuda.

Assim, a violência doméstica afeta todas as pessoas, independentemente de gênero. E, por isso, é fundamental que a sociedade como um todo reconsidere a forma como vê a violência doméstica e passe a reconhecer as vítimas, independentemente do sexo.


Mito 4: “Se a mulher está em uma relação violenta, ela pode sair a qualquer momento.”

A Verdade:

Embora sair de um relacionamento abusivo pareça simples para quem está de fora, a realidade é muito mais complexa. Existem diversos fatores que dificultam a decisão de deixar um relacionamento violento:

  1. Medo da Repercussão: O agressor pode ameaçar a vítima, seus filhos ou outros membros da família.
  2. Baixa Autoestima: Após um longo período de abuso psicológico, a vítima pode acreditar que não merece algo melhor ou que ninguém mais a amará.
  3. Falta de Recursos: Muitas vítimas não têm apoio financeiro ou emocional, o que torna a fuga do agressor extremamente difícil.
  4. Culpa: A vítima pode acreditar que ela mesma causou a violência ou que pode mudar o comportamento do agressor com esforço próprio.

É fundamental compreender que deixar um relacionamento abusivo exige coragem, e muitas vítimas não conseguem fazer isso sem apoio externo.


Mito 5: “Se o agressor pedir desculpas e prometer mudar, ele realmente vai mudar.”

A Verdade:

Infelizmente, a violência doméstica raramente é uma questão de ‘erro’ que pode ser corrigido com desculpas. O ciclo de violência geralmente segue a seguinte sequência:

  1. Tensão – O agressor começa a mostrar sinais de frustração, controle e hostilidade.
  2. Explosão – O agressor agride, seja física, emocional ou sexualmente.
  3. Lua de Mel – O agressor pede desculpas, promete mudar e tenta fazer a vítima acreditar que ele a ama e que nunca mais vai cometer abusos.
  4. Repetição – O ciclo se reinicia, geralmente com mais intensidade.

Apesar das promessas de mudança, o agressor geralmente volta a abusar. É uma forma de manipulação psicológica conhecida como “ciclo da violência”, onde a vítima se sente constantemente confusa e incapaz de tomar decisões claras.


Mito 6: “A violência doméstica só acontece em famílias de baixa renda ou em contextos de desigualdade social.”

A Verdade:

A violência doméstica pode ocorrer em qualquer classe social, em qualquer cultura, etnia ou religião. Embora a violência seja mais prevalente em contextos de desigualdade social e econômica, ela pode atingir qualquer pessoa, independentemente de sua posição socioeconômica.

Muitas vezes, o ciclo de violência se perpetua em famílias que parecem ter uma vida normal para os outros, com bons empregos, boa educação e status social. O abuso não escolhe classe social, e pode ocorrer de forma muito semelhante, independentemente da condição financeira da vítima ou do agressor.


Conclusão: Entenda, Apoie, Denuncie

Desmistificar mitos e crenças erradas sobre a violência doméstica é crucial para ajudar a identificar, apoiar e proteger as vítimas. Cada um de nós tem a responsabilidade de educar-se sobre o tema, apoiar aqueles que precisam e fazer nossa parte para erradicar essa violência.

Se você está em uma situação de violência doméstica ou conhece alguém que está, não ignore os sinais. A denúncia pode salvar vidas, e existem vários canais de apoio para garantir a segurança de todas as vítimas.

Se você ou alguém que você conhece está em perigo, busque ajuda:

  • Ligue 180 – Central de Atendimento à Mulher
  • Ligue 190 – Emergência policial
  • Medidas Protetivas – A Lei Maria da Penha oferece proteção legal para as vítimas de violência doméstica.

Lembre-se: todos merecem viver em um ambiente seguro e livre de abuso.