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Violência Financeira: Quando o Agressor Controla Sua Vida Pelo Dinheiro

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A violência financeira é uma forma de abuso muitas vezes invisível, mas extremamente destrutiva. Diferente da violência física, que deixa marcas visíveis, ou da violência psicológica, que corrói a autoestima, a violência financeira limita a autonomia da vítima, tornando-a dependente do agressor e dificultando sua saída de um relacionamento abusivo.

Neste artigo, vamos explicar o que é a violência financeira, como ela acontece, quais são seus sinais e, principalmente, como se proteger e recuperar sua independência.


O Que é a Violência Financeira?

A violência financeira ocorre quando o agressor controla, restringe ou manipula os recursos financeiros da vítima, impedindo-a de ter autonomia sobre seu próprio dinheiro e decisões.

Isso pode acontecer em diversos tipos de relações:
No casamento ou namoro, quando um parceiro impede o outro de trabalhar ou administra todo o dinheiro sem transparência.
Na família, quando um filho, neto ou parente controla indevidamente os bens de uma pessoa idosa.
No ambiente de trabalho, quando um empregador retém pagamentos ou explora financeiramente um funcionário.

O objetivo do agressor é criar dependência e submissão, tornando a vítima incapaz de tomar decisões ou sair da relação abusiva.


Como a Violência Financeira Acontece?

A violência financeira pode se manifestar de diversas formas, muitas vezes mascaradas como “preocupação” ou “proteção”. Veja alguns exemplos:

1. Impedir a Vítima de Trabalhar ou Estudar

🚨 “Seu lugar é em casa, eu cuido de tudo.”
🚨 “Pra que estudar? Eu já ganho o suficiente.”

O agressor pode proibir a vítima de trabalhar ou estudar sob o pretexto de que ele(a) proverá tudo. Com isso, a vítima perde oportunidades de independência financeira e se torna cada vez mais dependente.

🔹 Sinal de alerta: Você gostaria de trabalhar ou estudar, mas o parceiro sempre arranja desculpas para impedir?

O que fazer: Busque formas de capacitação online ou oportunidades de renda alternativa para recuperar sua autonomia.


2. Controlar Todo o Dinheiro da Casa

🚨 “Me dá seu salário, eu sei administrar melhor.”
🚨 “Você gasta muito mal, é melhor eu cuidar das contas.”

O agressor pode tomar controle do salário da vítima, restringindo o acesso ao próprio dinheiro e deixando-a sem recursos para decisões básicas.

🔹 Sinal de alerta: Você precisa pedir dinheiro até para coisas pequenas, como comprar um café ou um presente para um amigo?

O que fazer: Tente guardar pequenas quantias em um local seguro ou criar uma conta bancária em seu nome sem o conhecimento do agressor.


3. Criar Dívidas no Nome da Vítima

🚨 “Assina esse contrato, confia em mim.”
🚨 “Use seu nome para fazer esse empréstimo, depois eu pago.”

Muitas vítimas são convencidas a fazer empréstimos ou assinar documentos financeiros sem saber as consequências. O agressor pode deixar a vítima endividada e com o nome sujo, dificultando ainda mais sua independência.

🔹 Sinal de alerta: Você assinou contratos ou empréstimos sem entender completamente as condições?

O que fazer: Consulte seu CPF no Serasa ou SPC para verificar possíveis dívidas em seu nome e, se necessário, busque orientação jurídica.


4. Monitorar e Restringir Gastos

🚨 “Por que você gastou tanto no mercado?”
🚨 “Me mostra os comprovantes de tudo que você comprou.”

O agressor pode impor limites rígidos de gastos, exigir justificativas para cada compra ou até cortar o acesso da vítima a cartões e contas bancárias.

🔹 Sinal de alerta: Você sente medo ou culpa ao gastar seu próprio dinheiro?

O que fazer: Se possível, crie uma reserva financeira, mesmo que pequena, para emergências.


5. Abandonar Financeiramente a Vítima

🚨 “Se quiser ir embora, vá, mas não conte comigo.”
🚨 “Se terminar comigo, você vai ficar sem nada.”

Em casos extremos, o agressor pode simplesmente abandonar a vítima sem nenhum suporte financeiro, deixando-a desamparada.

🔹 Sinal de alerta: Você depende financeiramente do agressor para necessidades básicas, como alimentação e moradia?

O que fazer: Busque ajuda em programas sociais, grupos de apoio ou ONGs que auxiliam vítimas de violência financeira.


Consequências da Violência Financeira

A violência financeira pode ter efeitos devastadores sobre a vítima, como:
🔴 Baixa autoestima e sensação de impotência.
🔴 Dificuldade para sair da relação abusiva.
🔴 Dívidas e problemas financeiros.
🔴 Dependência total do agressor, dificultando sua recuperação.

Além disso, a violência financeira quase sempre está associada a outras formas de abuso, como violência psicológica e física.


Como Sair de um Ciclo de Violência Financeira?

Se você está vivendo essa situação, saiba que há saída. Aqui estão alguns passos para recuperar sua independência:

1. Informe-se sobre seus direitos

A Lei Maria da Penha (Lei 11.340/2006) reconhece a violência financeira como uma forma de violência doméstica. Se você está sendo impedido(a) de trabalhar, estudar ou tem seu dinheiro controlado, pode buscar proteção legal.

📞 Ligue 180 – Central de Atendimento à Mulher.

2. Busque Apoio

Converse com amigos, familiares ou grupos de apoio. Você não precisa passar por isso sozinho(a).

3. Crie uma Estratégia de Independência Financeira

🔹 Abra uma conta bancária em seu nome.
🔹 Guarde pequenas quantias sempre que possível.
🔹 Procure cursos gratuitos para capacitação profissional.
🔹 Busque oportunidades de renda extra (trabalhos remotos, artesanato, revendas, etc.).

4. Denuncie, se necessário

Se sua segurança está em risco, procure a delegacia da mulher ou um advogado especializado para orientá-lo(a) sobre como agir legalmente.


Conclusão: Você Tem Direito à Sua Independência

A violência financeira pode ser sutil, mas é extremamente perigosa. Nenhuma relação saudável se baseia em controle, medo ou dependência. Se você se identificou com algum dos sinais mencionados neste artigo, busque ajuda e saiba que há esperança de uma vida independente e segura.

Se precisar de apoio, não hesite em procurar ajuda profissional e jurídica. Você merece liberdade e autonomia! 💜